Por Padre Curzio Nitoglia
Tradução: Gederson Falcometa
Advertência
Tendo abandonado – publicamente – as conclusões jurídicas da “Tese de Cassiciacum” (7-8 de dezembro de 2006) para chegar ao “Sim Sim Não Não” em Veletri (7 de janeiro de 2007), me senti, desde então, no dever de explicar as razões da minha mudança. Trabalhei este pequeno escrito há muito tempo e coloco aqui o “resumo” como “uma hipótese de Veletri” [1]. Eu refleti – informalmente já a partir de do fim de 2003, (e desde o final de 1990, as consequências práticas e jurídicas que alguns “guerardianos” tiravam da “Tese de Cassiciacum” me preocupavam e me deixavam com dúvidas). Só em agosto de 2007 (depois de longa – talvez demasiada longa – ponderação) deixei, também formalmente a “Tese de Cassiciacum”, a qual aderi por muitos anos. Eu não queria publicar está página, para não perturbar ainda mais os fiéis, falando de questões “tremendas” (comparável ao dogma da “Predestinação”) e que superam a capacidade dos não “especialistas” em teologia, (tais argumentos podem ser abordados “na escola” e não predicado aos simples fiéis)[2], mas mais fiéis me tem aconselhado a tornar pública as razões da minha decisão, sendo eu um sacerdote e então uma pessoa “pública”, para evitar todo equívoco. Somente com este intento vou divulgar este escrito, sem nenhuma pretensão, nem ameaça de apostasia, para quem não está de acordo, lembre (sobretudo para mim e para os outros) as palavras de Dante:
“Or tu chi sei, che vuoi sedere a scranno, per giudicar da lungi mille miglia con la veduta corta d’una spanna?” (Paradiso, XIX, 79-81).
Introdução: Três citações do Padre Guérard
1) “O alcance objetivo da pergunta: “O ocupante da Sé Apostólica é, sim ou não, Papa materialmente?”, é de tal forma fora do nosso alcance que concretamente e realmente, a resposta a esta pergunta não tem quase impacto sobre o comportamento efetivamente possível dos fiéis ligados à Tradição” (Guérard des Lauriers, Sodalitium, nº 13, em, “O problema da autoridade”, Verrua Savóia, CLS, 2005, pg 37).
- Se é “fora do nosso alcance”, (especialmente aquela de P. Guérard des Laurier) não é evidente. Se “não há impacto sobre a vida dos fiéis”, não se pode tirar nenhuma conclusão prática ou jurídica. Coisa que os “guerardianos”, ao invés fazem “na prática”, reputando-a evidente “em teoria” e assim ultrapassam e contradizem o próprio P. Guérard.
2) “Uma tal perpetuação [da hierarquia puramente material] não é, ex se, impossível. Essa requer todavia consagrações episcopais válidas. E porque o novo rito é dúbio, os ocupantes (da Sé Apostólica) bem rápido não serão mais que “APARÊNCIA” (O problema da autoridade e do episcopado na Igreja, Verrua Savóia, CLS, 2005, pg.37)
- Se Bento XVI é uma “pura aparência” não é nem “papa materialmente ou em potência”, onde a “Tese de Cassiciacum” desmorona a favor da “sé totalmente vacante”. Na verdade hoje (2008) com Bento XVI, o qual não seria validamente bispo, porque foi consagrado com o “sacramentário da Igreja conciliar”, nos encontramos diante do “nada” ou privação total do Papado.
3) “Quem declara atualmente: ”Mons. Wojtyla não é por nada Papa [nem também materialmente]”, deve: ou convocar o conclave [!], ou mostrar as credenciais que o constituem diretamente e imediatamente Ligado a Nosso Senhor Jesus Cristo[!]” (O problema da Autoridade…, Verrua Savóia, CLS, 2005, pg 37).
- Ora, para Padre Guérard, Bento XVI não seria papa nem sequer, materialmente, não sendo nem Bispo, então os “tesistas”, para serem coerentes com a “Tese”, deveriam ou eleger um outro Papa, ou demonstrar serem os Vigários ou “ligados diretamente” a Cristo. Segundo eles tertium non datur….
Discernimento e bom senso
Santo Inácio nos “Exercícios Espirituais” (nº 318) ([3]) escreve que em tempo de desolação não se deve mudar o propósito de agir, mas permanecer parado e fazer como antes sem pretender de ver claro, porque “no turvo pesca o demônio”. Então no caso de obscuridade, aridez, desolação, “noite dos sentidos e do espírito”, se deve continuar como antes, mesmo sem ver, na verdade devemos nos contentar por não termos luzes, porque Deus permite tal obscuridade para purificar as almas dos seus fiéis, exortando-os a confiar mais Nele do que em si mesmos é a “esperança contra toda esperança” sem ver na inevidência (quod repugnat). Também Santa Teresa D’ávila e São João da Cruz ensinam a mesma doutrina, que é comum em teologia ascética e mística.
Todo excesso é um defeito
Aqueles que pretendem saber tudo de tudo e ter a certeza de como estão realmente as coisas, erra: especialmente em uma situação de obscuridade e de incerteza como a atual, que não tem igual em toda a história da Igreja. Toda resposta (também e especialmente a minha) e “solução” ou “tentativa” é parcial e tem suas sombras claras e obscuras. Somente a Igreja hierárquica poderá dizer a palavra definitiva. Então “si non vis errare, noli velle scrutare” (Santo Agostinho). A crise conciliar e pós-conciliar é um “mistério tremendo”, ora o mistério está além da razão humana, a ultrapassa mas não a contraria. Portanto, “procuremos tornar certa a nossa eleição, mediante as nossas boas obras” (São Pedro). Isto é, fazer aquilo que a Igreja sempre fez (São Vicente de Lérins, “Commonitorium”, cap.III), rejeitar as novidades que levaram a tal estado de confusão dogmática, moral e litúrgica.
Não precisamos querer exagerar (substituindo a hierarquia), pensando “ver claro a meia-noite”. A hipótese ou a pergunta especulativa sobre a Autoridade é lícita [os documentos do Concílio Vaticano II, o ensinamento “pancristão” de João Paulo II, o NOM, põem sérias e reais interrogações, não se pode fingir que nada aconteceu e acusar o sedevacantismo de ser o “mal absoluto”, uma espécie de “shoa católica”, enquanto os responsáveis por tal “catástrofe” religiosa foram João XXIII, Paulo VI e João Paulo II] , mas esta hipótese teórica, não deve se tornar uma certeza prática, faltando-lhe (hoje) a evidência, como se mostra nas três citações do P. Guérard descritas (sobretudo quanto ao exercício prático dessa ou a conclusão jurídico-canônica que delas se tiram) e especialmente não deve ser pregada aos fiéis com imprudência, superficialidade e arrogância (4), caso contrário corre-se o risco de cair no desespero ou na presunção (Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais, “Regra para sentir com a Igreja”, n°362/365/366/367/368/369).
Ao invés, seria oportuno que o fronte católico anti-modernista fosse substancialmente unido (na recusa da novidade) e acidentalmente (quanto ao modo de agir) separado ou distinto mas não inimigo. Aquilo que deixa perplexo é o excesso de polêmica (no qual mergulham, especialmente via “internet”, pessoas ainda em jejum de noções basilares do catecismo), incluindo os ”sedevacantistas totais”.
4) Por exemplo, quanto ao dogma da Predestinação, a Igreja dá plena liberdade de ensinar e de seguir a tese tomista ou a molinista, embora sejam radicalmente diferentes e contraditórias e portanto objetivamente só uma é verdadeira, porque em um mistério tão difícil e “tremendo” não tem a pretensão de ter a certeza absoluta e obrigar os fiéis a seguirem uma tese teológica que pode ser muito dura para as suas forças. Ao contrário alguns sacerdotes “tesistas”, na crise misteriosa e tremenda que atravessa a Igreja desde 1958 (na verdade desde 1955), não hesitam em reivindicar saber tudo e de obrigar aos pobres fiéis a seguirem em tudo e por tudo as suas “certezas” absolutas, que não admite perguntas, dúvidas e problemas de consciência. Quando alguém se atreve a fazer uma pergunta, normalmente, exceto raras exceções, se sente ameaçado pelo pecado mortal de cisma, de danação, de ter mudado irreversivelmente de campo etc… Enquanto a crise que investiu o ambiente católico a meio século, pode fazer perder a testa e a fé se se pensa muito, sem adequada preparação teológica e uma intensa vida espiritual, cuidado de assegurar a eleição através das boas obras, sem as quais a fé é morta. Portanto, não é bom falar aos simples fiéis nos mínimos detalhes, até as últimas conclusões, como se fossem certezas infalíveis de fé e de costumes. Se o se faz, ou se é irresponsável, ou manipulador das consciências, para poder dispor em seu próprio uso e vantagem (não materialmente forçada). Tenho conhecido fiéis (e também sacerdotes, para não falar de alguns Bispos Thuc) que tem debatido, também por escrito na “internet”, em “materialiter” (com acento no segundo i) e em “formaliter” (idem ut supra), sem conhecer o “abc” da doutrina católica.
Analogamente, para fazer três exemplos:
- A divergência de “nuances teológicas” entre S. Thiago Bispo de Jerusalém e S. Paulo Apóstolo dos Gentios, em 58 d.c., (At., XXI, 15) aparece clara quando S. Paulo foi para Jerusalém e S. Thiago lhe mostra suas reservas, na verdade enquanto o primeiro colocava o acento majoritariamente sobre a fé em Cristo (vivificada pela caridade) para a salvação eterna, o segundo salientava mais a importância da Lei mosaica para os cristãos provenientes do judaísmo, apesar de não considerá-la essencial para a salvação, mas todavia essa permanência, para ele, um elemento importante de ligação a história e a religião de seus pais. Já no Concílio de Jerusalém (49 d.c.) a questão foi debatida, porém “As tensões na Igreja primitiva permaneceram graves também depois do Concílio de Jerusalém” (D. Barsotti, Meditação sobre os Atos dos Apóstolos, Cinisello Balsamo, São paulo, rist. 2008, pg 379). O Abade Giuseppe Ricciotti (Paulo Apóstolo, Roma, Coletti, V ed., 1946) explica: “A recepção que Paulo encontrou na comunidade de Jerusalém foi uma recepção diplomática (…) em Jerusalém viviam lado a lado helenistas, cristãos e judeus-cristãos, com as suas respectivas propensões” (pg. 459). Agora, o Concílio de Jerusalém tinha falado claro, mas “se em teoria era claríssimo, na prática o peso da humanidade não permitia a este grupo ou aquele de elevar-se até aquele sublime cume. E então os proeminentes apóstolos propunham compromissos, para fazer encontrar os dois grupos” (ibid.). Thiago criticará em São Paulo a excessiva liberdade do mosaísmo, mesmo o abandono. Paulo ensinava, conforme o Concílio jerosolimitano “os pagãos que se tornaram cristãos não deviam preocupar-se das observâncias judaicas, mas com os judeus que se tornaram cristãos eles (…) era mais submisso, deixando a consciência deles, o continuar ou não as práticas da Lei, porém afirmando que essa não era adversa a salvação” (pg 461). Don Divo Barsotti, (embora não compartilhando em todas as suas obras, mas muito profunda e ortodoxa nas suas Meditações sobre os Atos dos Apóstolos, ao contrário da tão apregoada Cristina Campo, Coomaraswamy Jr. e companhia “sedevacantante”…) comenta: “Sobre o plano da teologia e da prática permanecem possíveis interpretações diversas da fé e da vontade de Deus; ninguém pode pretender exaurir toda riqueza da Igreja, nem mesmo Paulo. Ele deve viver em comunhão com Thiago, e Thiago deve viver em comunhão com Paulo (…). O que certamente nos une é a fé única e comum, mas como facilmente também na fé somos levados a enfatizar o nosso ponto de vista, que por mais que seja legítimo, é sempre parcial” (Meditação sobre os Atos dos Apóstolos, pg 380). Paulo fará o voto de nazireado, seguindo o conselho de Thiago, para não escandalizar – com seu comportamento prático – os simples que do judaísmo se convertiam a Cristo, mas não pode faltar a verdade: Para ele a Lei foi superada pela fé em Cristo informada pela graça santificante.
- Em segundo lugar, é um fato histórico divinamente revelado que São Paulo resistiu face a face São Pedro (Gal. II, 11-21). Agora “não há argumento contra o fato que preciso”. Na realidade mesmo sobre o pecado de São Pedro se tem uma séria disputa e divergência acidental de opiniões entre os Padres e Doutores, apesar de uma unidade substancial. De fato, São Jerônimo sustenta que Pedro e Paulo fingiram, um evitando os pagãos “para não escandalizar os judeus” e outro “repreendendo” Pedro. Santo Agostinho é absolutamente contrário a tal opinião, para ele Pedro “era realmente repreensível, pecou realmente por excessivo cuidado de não escandalizar os judeus”. Para Santo Agostinho o pecado de Pedro foi venial de fragilidade ou semi-deliberado, não de malícia ou de propósito deliberado. Santo Tomás de Aquino (S.T., I-II, q. 103, a. 4, ad 2um) retoma a tese de Santo Agostinho. Então é certo que Pedro não pecou mortalmente, mas só venialmente e por fragilidade, como também é um fato indiscutível que São Paulo o havia repreendido publicamente (Gal. II, 11-21) porque o seu excessivo cuidado em não ferir os judeus, mortificava os pagãos convertidos ao cristianismo. Todavia o ato de Pedro, embora em si mesmo, prático, teria comportado (se não tivesse sido corrigido) a “conclusão teórica” da heresia judaizante, ou seja, a necessidade de respeitar as regras cerimoniais do mosaismo para salvar-se, mesmo depois de Cristo. Então Paulo tinha que corrigir Pedro em público, Pedro aceitou injunção de Paulo: o primeiro não declarou a “sé vacante”, o segundo não excomungou quem lhe resistia face a face e publicamente. Por isso é divinamente revelado que se pode reprender excepcionalmente e publicamente a Autoridade do Papa.
- Enfim, naquilo que diz respeito ao dever de obedecer, sempre e em todo caso a Autoridade eclesiástica, se pode responder que: Padre Guido Vernani de Rimini o.p., (De potestate Summi Pontificis) afirma que Cristo quis sofrer livremente a morte, pena imposta por Pilatos, por instigação do Sinédrio, sem aprovar como justa a sentença iníqua (“aquele que me entregou a ti, tem maior pecado”. Pilatos e ainda mais Caifás são culpados, mas são e continuam “Pretor” e “Sumo Pontífice”), mas ao mesmo tempo reconhece a autoridade legítima daquele que o condenaram (responde a Caifás, chamado pelo Evangelho de João XI, 49 “Sumo Sacerdote” que assim enquanto Sumo Sacerdote e não por si mesmo como um simples homem, profetizou a morte de Cristo [Jo XI, 52] para todo o povo; e ao procurador Pilatos: “não haveria nenhum poder se não lhe fosse sido dado do alto” [Jo XIX, 11]. Então Pilatos tem e exerce o poder, mesmo se o exerce mal, assim o Sinédrio e o Sumo Pontífice Sacerdote que enquanto tal “profetizou” a morte de Jesus para a salvação de muitos). Jesus não invocou a falta de exercício de governo ou de autoridade em Pilatos e no Sinédrio, que também não agiam – objetivamente, por atos que tinham lugares – pelo bem comum. Ele respondeu às suas perguntas, reconheceu o estado de fato: governavam realmente, então exercitavam a autoridade, mesmo que dela se servissem iníqua e culposamente, não aprovou como boa a sentença má, mas nem sequer argumentou que, havendo a intenção objetiva de não fazer o bem comum, mais de matar o Verbo Encarnado mesmo, não exercitavam de fato o poder; não, esses praticamente governavam e como tais eram considerados também por ele: governantes de fato e de direito. Os Atos dos Apóstolos (VII, 52) são claros sobre este ponto e Santo Tomás explica que “como uma pessoa querida que morre, é tida em casa por algum tempo antes de ser sepultada definitivamente, assim os Apóstolos mantiveram um certo vínculo com a Sinagoga antes de abandoná-la formalmente” (S.T., 1a-2ae, q.103, a.4). Apenas com a morte de São Thiago Apóstolo e bispo de Jerusalém (62 d.c.) e a destruição do Templo (70 d.c.), os Apóstolos e especialmente São Paulo, formalmente se despedem da Sinagoga e não reconhecem aos Sacerdotes algum poder. Antes de tal evento, também depois da morte de Cristo (por cerca de trinta-quarenta anos) os Apóstolos continuaram a frequentar as Sinagogas, para pregar o Evangelho e respeitaram a Autoridade do Sumo Sacerdote, também manchado de deicídio, mas respondendo a sua injunção de não pregar Jesus crucificado e ressuscitado: “É melhor obedecer a Deus do que aos homens”. Onde a obediência não deve ser apresentada de forma totalmente absoluta, mas matizada e com as exceções que confirmam a regra. São Paulo mesmo, divinamente inspirado, revelou: “Ainda que eu ou um anjo, revelasse um outro Evangelho, seja anátema” [Gal 1,8-11]. Não disse para obedecer absolutamente mas nem sequer considerar a “sede (paulina ou angélica) vacante”. Tertium datur.
Assim, a crise que a Igreja enfrenta desde 1958 (ou 1955) até hoje, deve ser de um sentido das nuances e distinções que frequentemente faltam totalmente, cada um pretendendo haver totalmente e absolutamente razão.
“Ed un Marcèl diventa ogne villàn che parteggiando viene”. (Purgatorio, VI, 125).
A frase que Santo Inácio de Loyola coloca no início dos Exercícios Espirituais “Todo bom cristão deve ser mais pronto a salvar a proposição do próximo que a condenar” (nº22), ajudaria, se observada, não poucos a manterem-se no justo meio (de altura e não de mediocridade), que distingue para unir para poder alcançar uma posição o máximo possível próxima da realidade, embora admitindo a possibilidade de facetas e acentuações diversas, quanto ao modo de interpretar a crise atual.
O mistério da “Paixão da Igreja”
Me parece que a situação hodierna seja análoga à Paixão de Cristo, na qual “A divindade se esconde e deixa sofrer a santíssima humanidade de Jesus” (Santo Inácio de Loyola Exercícios Espirituais, nº 196). Já Santo Tomás de Aquino (Adoro Te devote) havia escrito “In cruce latebat (…) deitas”, sobre a Cruz a divindade de Cristo estava escondida, eclipsada, não se via. Mas Ele deixava sofrer cruelissimamente a sua humanidade, tanto a ser “mais semelhante a um verme que a um homem” (Isaías).
Padre Luis de la Palma, escreve: “Supera toda a nossa compreensão o fato que o Filho tenha sido abandonado” (A paixão do Senhor, Milão, Ares, 1996, pg 292).
Na Suma Teológica o Aquinate explica que “a Divindade milagrosamente permite a humanidade de Cristo provar a angústia pelo abandono (aparente) da parte de Deus, mais sendo essa unida hipostaticamente à Pessoa divina do Verbo e gozando da visão beatífica. Isto foi permitido porque é através das muitas tribulações que nos é permitido entrar no Reino dos Céus” (III, q.45, . 2, in corpore). Sempre na Suma lemos “Foi por milagre que a divindade não redundava sobre a humanidade de Cristo” (III, q 14, a. 1 ad 2 um), “afim que pudesse cumprir o mistério da nossa redenção sofrendo” (III, q.54, a.2, ad 3 um). Jesus Cristo mesmo reclamou a nossa atenção sobre tal mistério quando gritou sobre a cruz: “Deus meu porque me abandonou?”. A resposta ao “porquê” não foi imediata, que teve que resolver, durante a Paixão, o “fato”.
Assim hoje na Paixão da Igreja se esconde o seu elemento divino e aparece somente o humano da forma mais bruta ou “vermiforme”. Este é um mistério que deriva daquele da União Hipostática e do duplo elemento (divino e humano) da Igreja (que é Cristo continuado na história). Jesus havia predito aos Apóstolos o seu (e deles) eclipse: “ Vós todos vos escandalizareis por minha causa está noite. Porque está escrito: Ferirei o Pastor e o rebanho se dispersará” (Sábado Santo). Ao invés Nosso Senhor nos exorta junto aos Apóstolos: “ Eu lhes disse estás coisas para que vocês não se escandalizem (…). Quando vier a hora deles recordem-se daquilo que eu disse”. A hora da “Sinagoga de satanás” (Apoc., II, 9) e do poder infernal é algo de preternatural, que quase se toca com a mão hoje, como durante a Paixão de Jesus. “Virá a hora, mas é já vinda, na qual vos dispersareis cada um por si e me deixarão sozinho”. No Sábado Santo só Maria Santíssima havia conservado plenamente a fé na divindade e ressurreição de Cristo.
“Sozinha, Nossa Senhora estava à espera (…). Sozinha na sua fé (…) acreditava sem a mínima dúvida que Jesus ressuscitaria (…). Tanto os Apóstolos como os discípulos não acreditavam [plenamente, precisam os teólogos, nda] na Ressurreição (…). Maria recordou que, no dia seguinte ele Ressuscitaria (…). Mas eles não podiam acreditar [perfeitamente] (…). Maria era a única luz acesa sobre a terra (…). O refúgio dos pecadores que não podiam acreditar [perfeitamente]” (L. De La Palma, A Paixão…, pg 243-246).
Gabriele Roschini (Vida de Maria, Roma, Fides, 1959) escreve que a Madalena “vacilava” e que as aparições feitas aos outros eram ordenadas a “confirmar-lhes na fé” (pg. 276 e 282) porque “a fraqueza da fé deles constituía a força de seu testemunho” (pg. 283) e P. C. Landucci (Maria Santíssima no Evangelho, Roma, Paulinas, 1945), fala de “fé fraca e vacilante” dos Apóstolos, aos quais Jesus aparecia para “reforçar-lhes a fé” (pg. 436-437). Onde não se pode afirmar que os Apóstolos tinham perdido totalmente a fé.
Quando Cristo aparece aos Doze depois da sua ressurreição não lhes condenou mas disse a eles “não tenhais medo, sou eu, a paz esteja convosco”. Assim, hoje não devemos presumir de ver mais claro que os Apóstolos, também hoje, como então, os católicos fiéis estão dispersos cada um por si mesmo. A Imaculada Conceição é uma só. Quando Pedro cortou a orelha de um dos soldados que prendiam Jesus, Ele o repreendeu dizendo: “Pensas que eu não posso pedir ao meu Pai que me daria súbito mais de doze legiões de anjos. Mas agora como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve acontecer?. Aqui o mistério que ultrapassa a razão humana, sem ser contra ela: o “como”, o “porque”. Durante a Paixão de Cristo e da Igreja tem qualquer coisa de sobre-humano e misterioso que nos ultrapassa. Também hoje Cristo poderia mandar doze legiões de anjos, mas é assim deve acontecer. O porque nos escapa, o podemos entrever no claro-obscuro da fé, mas não plus ultra.
Padre Reginaldo Garrigou-Lagrange explica que os Apóstolos “naquele momento no qual seu Mestre estava cumprindo a redenção, não viram além do lado humano das coisas” (Jesus que me redime, Roma, Città Nuova, 1963, pg 337) e se escandalizaram, como predito. O grande teólogo dominicano continua: “Este mistério da [paixão e] ressurreição continua, em um certo sentido, na Igreja. Jesus a faz a sua imagem e permite para ela terríveis provas, e lhe concede ressuscitar, em certo modo, mais gloriosa, depois os golpes mortais que os seus adversários lhe infligem” (Ibidem, pg. 353). É notável, os golpes que recebe a Igreja em todos os séculos, são mortais, essa parece morrer, mas ressurge toda vez mais bela “sem ruga e nem mancha”, basta esperar e não substituí-la com um “manequim” thucista que é um “remendo pior que o buraco”. Nenhum nega a existência do “buraco”, mas se vê de dentro do “remendo” se entende que é mais sem fundamento que “buraco”, uma espécie de “boi que diz cornudo como o burro”.
Romano Amério, entrevistado pelo “Sim Sim Não Não” em 1987 a pergunta sobre como se pode sair da crise (das variações substancias na Igreja com o Concílio Vaticano II), responde que ele podia entrever só o princípio remoto da solução: a Divina Providência, aquele próximo de ter plenamente razão (tenebrae factae sunt), mas não posso permitir que outros queiram impor (especialmente aos fiéis ingênuos que são manipulados, aterrorizados e mandados para a briga, com consequências práticas frequentemente desastrosas, que constatei durante vinte anos) “luzes” ou soluções incertas e conclusões morais e canônicas, como o único remédio a tanto desastre.
Conclusão: Com qual “autoridade”?
Se define, de forma absolutamente certa, que não há mais “Governo” em ato e de fato na Igreja a quarenta anos e se tiram todas as conclusões práticas e canônicas como tendo “autoridade”? Com qual “autoridade” se define com certeza, para fazer um exemplo, que as sentenças da Sagrada Rota são nulas a quarenta anos (obrigando per se a quem recebeu a sentença da rota de nulidade de matrimônio, a viver como São José e Nossa Senhora, expondo-os a perigos próximos de pecado mortal e habitual) e que as confissões e matrimônios dos párocos são inválidos (sendo devido em matéria sacramental, o tucionismo ou rigorismo, segundo qual “a dúvida é nula”) a quarenta anos? Que o sacrifício da Missa é inválido e cessado, assim o sacerdócio, o episcopado, onde mais a extrema unção e a crisma, (restaria só o batismo e alguns coerentíssimos “sedevacantistas” que recebem e administram só o batismo, tudo feito sendo viciado, também os sacramentos dos outros “sedevacantistas” não coerentíssimos). Com qual “autoridade” se apresentam como “enviados” (missi) a “aniquilar e anular” todos os atos (também jurídicos) da Igreja oficial? A proibir até mesmo a assistência à Missa de São Pio V, se celebrada “una cum”, sob pena de sacrilégio, pecado mortal e cisma capital e aterrorizando os fiéis, os seminaristas e os sacerdotes “fracos de espírito”? Talvez com o “livre exame” da “sola Traditio”? Ou talvez se acreditem (de fato e também se não de direito) “Ligados diretamente a Cristo”? Porque na prática se age assim, também se não se formula em teoria. As advertências sombrias de apostasia irreversível e de danação da parte da “Sodalitium” – pela graça de Deus – não me tocam, mas conheço muitos fiéis e seminaristas ou até mesmo sacerdotes que se deixam intimidar pela ameaça de “fratura”, fatwa ou herèm, lança pelos “Sumos Sacerdotes” (ao menos de fato) da oblatio munda.
As palavras de Santo Tomás segundo as quais, “geralmente, a revolta contra a pública “má-autoridade” ou tirania, se expõem mais os maus que os bons, na verdade aos maus pesa tanto o governo do rei como aquele do tirano” (In V Politicorum Aristotelis, lib. V, 1, 1301a). Enquanto “os homens virtuosos”, os quais devem julgar a oportunidade e a liceidade da resistência e revolta, dificilmente reconhecem ter todas as razões para se rebelarem licitamente, ao invés “os maus” são mais propensos a tomar todas as razões e a revoltarem-se, sem pensar nas consequências de seus atos (In V Politicorum, lect. I, n° 714), são mais apropriados e atuais que nunca, em efeito muitos criticam não só a nouvelle théologie, mas também Pio XII. Ele seria o Papa (manobrado por Bugnini, coma marionete nas mãos de um titereiros) que realizou uma profunda revisão dos ritos da Semana Santa, quando pela primeira vez um rito católico (anterior a reforma do Papa Pacelli de 1955) foram submetidos a alterações sugeridas pelo judaísmo, que abriria a porta a qualquer mudança na liturgia. Onde todo o processo se desfez (= Concílio Vaticano II e NOM) iria começar precisamente com a reforma litúrgica (ecumênica) da Semana Santa de Pio XII. A liturgia católica seria colocada à disposição (da parte de Pio XII) do ecumenismo, e eles seriam culpados de terem feito (entrar e) comandar o judaísmo no santuário católico. Pio XII havia cumprido uma genuflexão simbólica diante do judaísmo (Cfr, “Sodalitium, nº 62, pg 58-65). Ora, tudo isto me deixa perplexo, até mesmo aterrorizado de tanto “cow-boy-smo teológico”. De fato, o fim da Igreja é a salvação das almas. Ora se a Autoridade não realiza o bem das almas, segundo a “Tese”, cessa de ser autoridade. Então Pio XII, que abriu ao judaísmo (e o fez entrar no santuário), ao ecumenismo, a mutação perpétua da liturgia; não queria objetivamente, a partir do ato que tem lugar em 1955, o bem das almas. Assim Pacelli, (segundo os “tesistas” “tertium non datur”), não seria formalmente Papa. É licito concluí-lo (cfr. “Sodalitium”, nº 62, pg. 29-30). Na verdade p. Guérard escrevia “Se tem autoridade, tem o dever de obedecer” (Cahier de Cassiacum, Nizza, 1979, vol. 1, cap. 4, pg 91). Ora a maior parte dos “tesistas” recusa como de direito a reforma de 1955, feita materialmente pelo mesmo Mons. Anibal Bugnini que fez em 1969 o NOM, mas promulgada formalmente pelo Papa Pacelli (cfr. “Sodalitium”, n° 62, p. 63). Então para eles – praticamente – Pio XII não é Autoridade.
É notável que se trata de uma lei universal que o Papa impõem à Igreja, não de um ato seu privado. Essa poderia ser no máximo a “não mais oportuna”, mas nunca má. Ora, como se faz para conciliar a genuflexão ao judaísmo etc…, com a não nocividade da reforma pacelliana e então o permanecer da Autoridade em Pacelli? Se fosse assim também o NOM e o Concílio Vaticano II, poderia ser não nocivo; ou se assim é, como escreve “Sodalitium”, Pio XII não é formalmente Papa. Não sei que coisa dizer, silencio maravilhado e agradeço, uma segunda vez, Deus, por ter mudado de lado. De fato agora não se invoca mais (como até qualquer ano faz) a eipiekéia para não celebrar segundo as rúbricas de 1955, mas se a recusa de fato e de direito, como cativa em si. Porém se se continua assim onde se vai parar? Cada um torna-se o “Papa” de si mesmo. Então na prática, também sem dever convocar um conclave justificado em teoria, se comporta como os “Legados (ou vigários) diretos de Cristo, “Pacelli erra”, Kyrie, eléison! “Sodalitium” não”, Christe eléison! Esta é ao menos “conclavista” prática e vivida, que pode ser também teorizada, espero não irreversivelmente.
Pelo qual, onde está a Igreja real e não aquela “virtual”, se todos os atos de Roma são nulos, se as ordenações sacerdotais e as consagrações episcopais são inválidas, se os sacramentos, comprimida a eucaristia e o Sacrifício da Missa, são cessados? A crise aniquilou totalmente seja o poder da ordem, de jurisdição e o magistério. O “Fim-Bom” da Igreja não existe mais a cinquenta-quarenta anos, então também a Igreja? Na verdade uma religião que não tem mais sacerdócio, nem sacrifício não é mais nem materialmente ou em potência, mas é totalmente morta, (como aquela da Antiga Aliança depois de 70, a qual era relativa ao Novo Testamento. Porém a Nova Aliança é Eterna. Então não pode cessar totalmente). Essa não seria mais em Roma, mas onde se encontra os bispos e os sacerdotes da linha Thuc? A Igreja não seria mais romana e petrina (o materialiter depois de quarenta anos tendo se tornado nada, farsa e aparência), mas thucista (ubi Thuc ini Ecclesia); tendo se tornada Roma (ao menos desde 2004, com a eleição de Bento XVI) não mais uma Religião, mas uma cena teatral de pastores-atores mudos, pareceria ser na terceira era de Joaquim de Fiore, mas essa foi condenada pela fé católica. Também o “thucismo”, para aqueles que como eu, que o viu de perto, não é um motivo de credibilidade (para dizer o mínimo). Como pretendem ser os portadores da única verdade sobre o mistério da crise que penetrou a Igreja de Cristo, quando há tantas obscuridades, mistérios, questões debatidas e indefinidas? O fato ou o “quia” (crise) é certo, mas o como e o porque ou o “propter quid” permanecem um mistério.
“State contente umane genti al quìa, ché se potuto aveste veder tutto, non era mestier parturìr Marìa”. (Purgatorio, III, 37-39).
O mistério da iniquidade, o mistério do coração humano, “Pravum est cor hominis et imperscrutabile, quis cognoscet eum?” (Jeremias). Só Deus que sonda o coração e os rins. Então, “procure tornar certa a vossa eleição, mediante as vossas boas obras” (S. Pedro), não se pode penetrar um mistério, seria como “querer meter toda água do oceano em um copo” (Santo Agostinho). Se pode procurar estudá-lo, de aproximá-lo no claro-obscuro da fé, com muita humildade e trepidação, sem pretender de tê-lo compreendido e revelado, na adoração disto que ultrapassa a capacidade humana mais sem ser contra a razão, mas apenas para além dela. Não é normal propor como absolutamente certo aquilo que é muito escuro, disputado e misterioso e impor-lo moralmente e juridicamente sobre pena de pecado. Como para a Predestinação, devemos admitir o fato misterioso (Deus onipotente e homem livre/crise eclesiástica: infalibilidade e erros) e deixar a liberdade de interpretá-lo como se reputa mais conforme a realidade e a Revelação, até a decisão da Igreja hierárquica, sem lançar anátemas contra aqueles que não seguem exatamente o nosso modo de caminhar.
Resumindo e tirando as somas
Se pode afirmar tranquilamente que hoje (2004-2008) a Tese de Cassiacum como a concebeu Pe. Guérard des Lauriers, não é mais absolutamente certa, porque fundando-se sobre a distinção real entre matéria e forma no Papa, e por admissão do próprio Pe. Guérard, depois de João Paulo II, uma vez que não há (quase) mais bispos consagrados segundo o velho Pontifical Romano, o futuro “Papa material” (no caso hodierno Bento XVI) seria só uma pura “aparência” (Il problema dell’Autorità e dell’episcopato nella Chiesa, Verrua Savoia, CLS, 2005, pg. 33-35 e 37) que não fala tanto, mas recita o mutamento da parte do Papa, como faria um ator ou manequim em uma representação sem diálogo. Isto equivale a dizer que Bento XVI, tendo sido consagrado com o novo Pontifical e não sendo nem sequer validamente Bispo (segundo Pe. Guérard), não pode ser o Bispo de Roma (ou seja, o Papa) nem sequer em potência ou “materialiter”, seria só o manequim da vitrine Gammarelli na espera da eleição de um verdadeiro papa. Não se encontra, portanto, diante do sedevacantismo total, (ao “conclavismo” ou ao “delírio de onipotência” = “pensar estar Ligado direto e imediatamente a Cristo”, uma espécie de “síndrome napoleônica-messiânica”) considerado não aceitável pelo Pe. Guérard. Então, como bom realista ele teria revisto e aggiornato as suas posições iniciais, tendo chegado a uma conclusão (segundo ele mesmo) errônea. Mas não assim, até agora, o “tesistas”. Portanto peço a eles uma resposta a este respeito: Bento XVI é “Papa” materialiter ou não? Tertium non datur. Pio XII era Papa formalmente ou só materialmente? Espero só que a resposta não dure tanto quanto os tempos bíblicos ou “apocalípticos”, também porque alguns “tesistas” o “Apocalipse segundo Corsini” já veio, então para que eu pudesse dizer que já me foi dada a resposta e eu não percebi…, também porque – pobre de mim – conheço o “Apocalipse segundo João” e interpretado pelos Pais da Igreja. Também esta teoria “origenista-corsiniana”, imposta como a única verdadeira leitura do Apocalipse, contribuiu a fazer me abrir os olhos e a mudar de lado, Deo gratias, em companhia de todos os Padres, Doutores e exegetas aprovados pela Igreja, exceto Orígenes, Rénan, Loisy e Corsini… que não são autores aprovados. “Diga me com quem tu andas que te direi quem és”. Mesmo sobre este ponto, eu esperava uma resposta, sem querer dar nomes, para “não matar um homem morto” e permitir de se corrigir, sem perder a face. Mas a resposta não vem, “Thuca locuta est, causa finita est”.
Estás são – em suma – as razões que me levaram (Deo gratias, mais uma vez) a deixar formalmente a “Tese de Cassiacum” mantendo uma grande estima pelo Pe. Guérard des Laurier, mas não pela maior parte de seus estudantes. Não quero discutir com ninguém (exceto em legítima defesa que me há obrigado), não quero sobretudo perturbar os fiéis, espero apenas que estas páginas lhe ajudem, como me ajudaram no curso destes anos de elaboração e reflexão, a deixar uma estrada que em teoria parecia boa, mas que na prática se revelou falsa, uma vez que em contradição com o pensamento de seu próprio autor. A gaulesa “Tese de Cassiacum” que tornou-se a sub-gaulesa “Antitese de Verrua Savoia” (=”Tese” em evolução), prefiro a não estranha “Hipótese de Veletri”, sem nenhuma pretensão e sem ameaça de excomunhão, pecado, danação irreversível para quem não lhe agrada. “Se estou no erro, que Deus, dele me livre; se estou na verdade que Deus nela me mantenha”.
Paz e bem a todos!
Padre Curzio Nitoglia
Veletri, 6 de julho de 2008
Notas:
[1] Possuímos uma “segunda edição” em uma forma mais mais extensa que não queria tornar, pública, exceto se não fosse obrigado por uma polêmica incorreta. Ora, devo constatar, que embora sem nomear nenhum (cfr. “Sodalitium”, nº 62, “Uma objeção a Tese de Cassiacum”, pg. 29-31), gostaríamos de passar a verdadeira objeção (que levantei deixando o Instituto Mater Bonni Consili) para aquilo que ela não é.
Sumamente escrevo agora (para não confundir as ideias dos leitores), que naquilo que diz respeito a analogia entre Estado e Igreja (relação de semelhança relativa [ambos são sociedades perfeitas] e dissemelhança essencial [uma é natural e a outra sobrenatural]), reservo-me para publicar no futuro, de forma mais profunda, um artigo a parte.
Faço notar que embora tendo abandonado a “Tese” nunca confundi ou confundi (univocamente = relação de absoluta e substancial semelhança) Estado e Igreja, já que teria que dizer ao objetante “x” (ou a mim, pouco importa). Então é incorreto e fora do tema responder a objeção (que eu levantei em público em 08 de dezembro de 2006) dizendo (ao objetor “x” ou a mim, pouco importa) aquilo que eu nunca disse. (Eu tenho a gravação da conferência – 14 de janeiro de 2007 – de resposta a minha objeção, na qual o relator quer ir “equivocadamente” fora do tema fazendo a mim sustenta a univocidade entre Estado e Igreja. Eu lhe escrevi, em privado, pedindo explicações, não obtive resposta e agora se retorna ao mesmo “equívoco” por escrito e publicamente, ao qual devo responder, por escrito e publicamente). “Sodalitium”, nº 62, pg. 25-31, não responde a (minha) objeção, mas àquela que incorretamente se coloca na boca (a qualquer “Mister x” ou a mim, pouco importa). Vamos falar sobre no futuro, depois que me responder sobre os três pontos subscritos, se – ou seja – Bento XVI é ainda “Papa materialiter” ou não.
A propósito de “equívocos”, o editorialista de “Sodalitium, (nº 62, pg. 2-4) é muito inquieto pela sorte daqueles que, diferentes dele, (único “cavaleiro sem mancha?”), mudaram de campo irreversivelmente “especialmente na Itália”. Agora, a parte o fato que de irreversível é só o estado de danação eterna, o qual – por fortuna de todos aqueles que não pensam exatamente como ele – não está no poder do editorialista; me permito lembrá-lo que – na Itália – o fundador do Instituto e da revista a qual hoje ele é superior e diretor, abandonou – infelizmente e não só por culpa sua – “campo”, e também o sacerdócio e o episcopado, logo ele que era (ou pensava ser, junto a mim, o editorialista e um outro sacerdote) um dos pouquíssimos Padres (quatro em toda Itália) a “oferecer a oblatio munda) (pobres de nós). Todavia ele me dá pena, pois é um perdedor e rezo por ele, mas o editorialista me preocupa (não irreversivelmente, “enquanto a vida, há esperança”), pois de fato se comportado como “Ligado direto a Cristo” e continua a fazer danos (pensando de ser um dos dez-cinqüenta Padres em todo o mundo, cinco ou seis em toda Itália, que celebram a oblatio munda), espero não irreversivelmente. Seria, portanto, melhor pensar sobre seu negócio ou na sua casa, em vez de condenar de forma irreversível aqueles que não são como ele. “Qui reputat se stare, timeat ne cadat”: Quanto a mim graças a Deus por ter mudado (espero, Deo adiuvante, irreversivelmente) de lado, que como a árvore se julga pelos frutos.
A triste realidade, ao invés me parece ser esta:”Deus encerrou todos na infidelidade para usar de misericórdia, a fim que nenhum se glorifique a si mesmo” (São Paulo). Na verdade estando “ferido o Pastor” (é um fato, contra os quais nada valem todas as argumentações), “o rebanho” (bispos, sacerdotes e fiéis) “se dispersam cada um por sua conta”. Diante de um terremoto terrível, como foi a “crise conciliar”, quem pode pretender afirmar ser a “ovelha branca”, totalmente imune a todo defeito, especulativo e prático? Quem pode dizer ter entendido tudo, ter resolvido tudo, o porquê de todas as coisas? Eu não! Só um mentiroso ou um megalomaníaco pode responder sim. O primeiro bem seria que se corrija sobrenaturalmente (“perseverare diabolicum”), na verdade para obter a misericórdia é preciso reconhecer ser “miserável” e esforçar-se em ser misericordioso com os outros; o segundo que se cure naturalmente (porque é socialmente e pastoralmente perigoso).
[2] Necessariamente para abordar este problema (da “sé formalmente vacante” a partir de 1965, desde 1955, até 2008) existe a necessidade de tratar de questões difíceis de filosofia e teologia. Ora “a apostolicidade e a visibilidade da Igreja, foram dadas por Cristo a sua Esposa, afim de que os fiéis possam facilmente seguir o seu ensinamento, reconhecer-lá e distingui-lá sem dificuldade das seitas” (cfr. “D. Th. C”, col. 2143). Então pretender que os fiéis conheçam bem a filosofia e a teologia para entender a “Tese” que deve esclarecê-los sobre o estado atual da verdadeira Igreja e discernir o verdadeiro do falso, coisa contra a facilidade de reconhecer a única e verdadeira Igreja de Cristo. O difícil não pode ser fácil, pelo princípio per sé notado de identidade e contradição.
Para entender a “Tese” (apresentada pelos “tesistas” como a evidente especificação de um ato de fé) deve possuir a ciência árdua da filosofia e da teologia, enquanto para constatar a evidência não é preciso formação. O impossível é evidentemente falso. Ora não é assim evidentemente falso afirmar que Paulo VI (mas já Pio XII, para os “tesistas”) e sucessores não são formalmente Papas, mas só materialmente. Na verdade para demonstrar-la deve-se publicar uma “Tese” de licenciatura em filosofia e teologia, (dita de “Cassiciacum”) muito disputada também entre os “sedevacantistas” mesmos. Ao invés a evidência se “mostra” e não se “demonstra” e impóe a todos (I+I=II).
[3] “em tempo de desolação não se deve nunca fazer alguma mudança, mas permanecer firmes e constantes nos propósitos e na determinação na qual se estava no tempo precedente a desolação […]. Porque, como na consalação ordinariamente se guia e se aconselha mais o espírito bom, assim na desolação é o espírito mal”. Cfr. Também “Es. Spir.”, nº 320,321 e 322.
Analogamente, na crise atual, se deve continuar a fazer aquilo que a Igreja sempre fez sem aventurar-se (publicamente e pretendendo a certeza absoluta) em “novidade” arriscada que poderia ser perigosa, como se não se fosse cair em trevas.
A hipótese especulativa e “escolástica” (que não deve ser pregada aos simples, com imprudência, superficialidade e arrogância, como sucedeu no século XVII quanto ao dogma da Predestinação, mas deve ser realizada apenas entre os teólogos), da “sé formalmente vacante” podia, inicialmente, ter “uma linha de princípio” um fundamento na realidade, infelizmente o modo de agir da maior parte dos “sedevacantistas” (que são os principais adversários da “Sé vacante, fazendo uma conclusão dogmaticamente certa e vinculante e então uma obrigação canônica para todos), torna problemático, desde que pretendem ter a certeza absoluta a evidência e certeza, o que lhes leva a “desprezar todos, exceto a si mesmos” e “impor aos fiéis pesos insuportáveis”.
Na realidade eles também são vítimas (se de boa fé, só Deus o sabe) da crise que abalou o ambiente católico nos anos Sessenta, não são os responsáveis por ela e então não devem ser devem ser combatidos como se fossem os “inimigos número um”, a condição que respeitem os outros e não se transforme em “executores”, caso contrário não pode pretender ser repeitado por sua vez. Quem insulta e calúnia deve saber que pode ser refutado de forma enérgica e – se necessário – denunciado.
Link página em italiano : http://www.doncurzionitoglia.com/TesIncerta.htm
Fonte: https://falcometa.blogspot.com/2016/03/p-curzio-nitoglia-de-cassiciacum-e.html